Grandes clássicos do nó-ceguismo*1
Um chute para a liberdade*2
Três horas da tarde, a porta da sala de controle da fábrica Priori se abre mostrando uma figura bastante conhecida do meio.
_Padaria meu filho, já adicionou o fosfato? A gente já ta atrasado com a produção! Disse Marcos o operador do painel de controle.
_Ai Marquim, o veím aqui não ta passano bem não.
_Iiiiiiiiiii, essa é veia, falou Félix o outro operador.
_Vai pra puta que ti pariu sô, Padaria disse em um tom sério, logo após se sentar em uma da cadeiras da sala.
_Hahahahahaha, que que cê ta sintino fii? Perguntou Marcos.
_A bicho, o negócio ta fei aqui no estômago.
Nisso entra na sala Jonas, o encarregado de produção.
_E o fosfato Marquim? Vai desandá o processo meu querido.
_O Padaria ta tendo um revertério aqui.
_Que que foi Padaria?
_Ah, o veim aqui num ta muito bão não, enjôo, dor de cabeça.
_Marquim, adiciona lá o fosfato, senão o trem vai ficá feio, falou Jonas.
_Félix vai lá, Marcos repassa.
_Ah néiiiin meu, ontem eu já mexi com essa bosta, se eu chegá com o uniforme sujo de novo minha muié me mata, Félix paga.*3
_Vai lá Marquim, já ta passano da hora filim!!! Reforçou jonas.
_Puta que pariu viu, merda!!! Marcos saiu chutando porta afora.
Se alguém estivesse olhando bem, perceberia um ligeiro sorriso na boca do Padaria.
_Padaria!! Jonas disse, enquanto ele desfazia aquele sorriso do qual estávamos falando.
_Oi.
_Vai ali no almoxarifado e pega um remédio procê.
_Não sô, o véin aqui num toma remédio não, além do mais pode sê Dengue.
_Uai, então vô pidi pro guarda te levá no hospital.
_Nada sô, minha muié é que cuida di mim, num vô em hospital nada.
_Tão tá vai, o guarda te leva pra casa.
_Tá bão então.
_Êéééééé, mais ta fácil demais, Felix disse, sob o olhar fulminante de Padaria que cruzava a porta nesse momento.
_Bom, pelo menos o processo hoje tá tranqüilo, dizia Jonas olhando as telas do supervisório e pela janela dava para ver Marcos despejando os sacos de fosfato de cálcio. “ tudo corre perfeitamente bem.” Pensava ele.
O tempo vai passando, Félix lê um jornal tranqüilo, enquanto Jonas preenche o relatório de turno, depois de uma hora e meia nessa toada entra na sala Marcos, tirando a máscara e o capacete.
_Adicionô direitim fofa? Perguntou Félix.
_Vai mascá a cueca do seu pai sô.
Se alguém estivesse observando, veria um sorrizinho na cara de Jonas, que disfarçava preenchendo o relatório.
_Ou! Falou alto Félix, Hoje é dia de jogo do campeonato regional.
_Uai, liga lá o rádio, O UCM vai jogá contra o PATRIMÔNIO*4. Disse Marcos.
Félix liga o rádio, sintoniza e volta para onde está sentado.
_Opa, o trem já ta correndo, quanto será que tá o placar?
_Deve ta zero a zero, o jogo deve tê começado agorinha.
Jonas, continuava a preencher o relatório, fingindo não prestar atenção na conversa dos dois.
O tempo vai passando até que o narrador diz algo que faz Jonas levantar a cabeça na hora:
_Vai Padaria com a bola.
Jonas olha espantado para a cara dos dois, que correspondem o olhar, porém logo depois, Félix começa a balançar a cabeça positivamente. Jonas se levanta rapidamente e cola o ouvido no rádio.
_Padaria, cruza a grande área, vai Padaria, Padaria, dribla o goleiro, GOOOOOOOOLLLLLLLLLLL, PADAAAAARIIIIIIIIIAAAAA, JOGADAAA FANNNNNTÁSSSSSTICA!!!!!
Pausa...
_Filho da puta!!!! Dizia Jonas com o ouvido colado no rádio, e se alguém observador entrasse na sala, veria que mesmo Marcos estando controlando o painel, e Félix lendo o jornal, havia um breve, porém muito contido sorrizinho na face dos mesmos.
*1 – Neologismão brabo.
*2 – Qualquer semelhança com os fatos reais, não é mera coincidência, Padaria é uma pessoa real, e o fato também.
*3 – Alusão ao programa de televisão “Passa ou repassa” (lembra?), comandado por Augusto Liberato, e logo depois por Celso Portiolli.
*4 – União do Capão Margo e Patrimônio dos Fancinatti, clubes fictícios de futebol, que pertencem a região aonde se desenrola a história(claro dããã).
7 comentários:
Bom, bom bom... ora bolas, muito bom! O texto fica meio confuso às vezes, mas já conheço seu estilão, então tá tudo certo, hahahahah!!
Eu já imaginava que tal história fosse real...
Grande abraço!
Hahahahahhhahaa...muito bom!
Veím filho da puta sô (no bom sentido)
Como eu já tinha falado, seu estilo é o mais peculiar de todos... Muito bom!!! Esse Padaria é miguezão de mais... Fala sério... Bjos!!!
Aê, Flavito!!
"Vai mascá a cueca do seu pai sô" Hahahahahahahaha
Realmente o seu estilo foge ao comum!
Continue surpreendendo! Abraçooo
P.S.1: Ninguém comentou, mas o novo layout do blog está massa! O boneco verde ficou bem mais modernoso! hehehe Boaa, Cirão!
P.S.2: Alguém me ensina a fazer negrito, itálico e sublinhado, please...
Felipe, o visual vai mudar mais. Ainda não terminamos. Mas agradeça ao Carlos Emanuel! Ele que é o artista!
Valeu, Carlim!!!!
Padaria, que nome hein? Ahahahhaha, mas na sacada final da história a gente saca o porquê da coisa, ahahhahaha! Boa gordão!!
Balula!!!
(risos)
Belo final...
Muito bom o desfecho Flávio!
Muito engraçado tambem...rs
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